segunda-feira, 18 de abril de 2011

Qual o preço do coração?

O coração já não existe mais. Não o coração no sentido clínico, no sentido fisiológico, mas o coração do sentimento. Aquele que alimenta nossas relações, que nos ajuda na construção de uma sociedade melhor.

Hoje o coração foi vendido, e barato.

O ser humano destrói o mundo e se destrói em um grande show de cegueira coletiva, onde ninguém mais vê exatamente onde está pisando, ou o que o motiva a pisar. Hoje o chão é o dinheiro, é o lucro. E parece que estamos pisando descalços em brasas, pois esse chão não é seguro. E machuca.

Não mais se sente, mas se compra. E por que se compra? Por que nos vendemos?

Gorz (2003) já afirmava que a racionalidade econômica configura o pensamento hegemônico atual, reduzindo o ser humano a um objeto e ignorando suas atividades vividas. Essa racionalidade reifica os indivíduos. Não existem mais pessoas. Existem consumidores.

O coração quase parou. Nosso sangue é bombeado agora por grandes corporações, e nós fechamos os olhos e balançamos nossas cabeças afirmativamente. Balançamos em um ato cego e autodestrutivo. Estamos infectados. Infectados pela natureza humana, que insiste em nos pregar peças. E essa peça atual, destruidora por si só, parece ser sua obra-prima.

Nossa natureza precisa mudar, para que possamos mudar a natureza. Estamos na UTI, respirando por aparelhos, mas com os remédios necessários em mãos. Basta ter coragem de tomá-los.

Para mudar, é preciso coragem para abrir os olhos. Parece que estamos conformados com aquela célebre frase que diz que o que os olhos não vêem o coração não sente.

Mas precisamos sentir!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Banda da Semana: The Diniz



Após grande hiato, estamos de volta aqui à ativa, com o “Banda da Semana”. E dessa vez venho vender meu produto. A banda de hoje é o “The Diniz”.

Fundada em 2008 na cidade de Recife, The Diniz consiste basicamente em uma dupla influenciada por várias vertentes do rock mundial, que tenta, com muita boa vontade, trazer a nata para os ouvidos das grandes massas populares. A banda conta ainda com um canal no youtube, com diversos videoclipes de suas versões.

Seu primeiro trabalho intitulado "#1" (Number One) busca mesclar de forma nua e crua, na lata, voz e violão; canções já consagradas mundialmente com composições eleitas pela mídia de um mundo alienado e desprovido de conteúdo.

Agora eles vem pra lançar, com exclusividade no “Aspas.com”, seu segundo álbum. E é com muito orgulho que lhes apresento: Medley.

Nesse segundo álbum, descaradamente mais comercial, nota-se a presença de diversos pout-pourris de bandas absolutamente comerciais,com algumas exceções, é claro. Embora o álbum entrando em contradição com a filosofia da banda, ele soa muito melhor aos ouvidos que o “#1”, tendo uma maior consistência no “faixa-a-faixa”. O cd conta ainda com uma faixa autoral: Sem fim. Recomendado!


E com exclusividade, o “Aspas.com” disponibilizará para download os dois álbuns na íntegra, para quem quiser conhecer a fundo essa nova banda.

A dupla:

Alexandre Diniz Noblat - Voz

Cristiano Mendes Meira Diniz Ferreira - Violão/Voz

Canal do Youtube: HTTP://www.youtube.com/TheDiniz

Discografia:

#1 (2009)

Medley (2010)



Rock!

domingo, 18 de outubro de 2009

Friedrich Nietzsche: “O Anticristo”


Depois de muito tempo, volto a atualizar esse blog. Desculpem-me os leitores pela demora, mas vou tentando atualizar isso com maior freqüência.

Hoje falo através de Nietzsche, ainda na temática do último post, com algumas passagens de uma de suas obras, “O Anticristo”.

“(...) Outrora ele tinha somente seu povo, seu povo ‘eleito’. Nesse meio tempo ele foi, exatamente como seu próprio povo, para o estrangeiro, em andança, desde então nunca mais se sentou quieto: até que afinal estava por toda parte em casa, esse grande cosmopolita – até que ganhou ‘o grande número’ e a metade da terra para seu lado. Mas o deus do ‘grande número’, o democrata entre os deuses, não se tornou, a despeito disso, nenhum orgulhoso deus de todas as esquinas e lugares escuros, de todos os quarteirões insalubres do mundo inteiro!... Seu reino deste mundo é, antes como depois um reino de submundo, um hospital, um reino souterrain, um reino-ghetto... E ele mesmo, tão pálido, tão fraco, tão décadent... Mesmo os mais pálidos dos pálidos ainda se tornaram senhores sobre ele, os senhores metafísicos, os albinos do conceito. (...) Então ele urdiu outra vez o mundo a partir de si – então transfigurou-se em algo cada vez mais ralo e mais pálido, tornou-se ‘ideal’, tornou-se ‘puro espírito’, tornou-se ‘Absoluto’, tornou-se ‘coisa em si’... Degradação de um deus; Deus se tornou ‘coisa em si’.”

“(...) Vê-se o que chegou ao fim com a morte na cruz: um novo esboço, inteiramente original, de movimento de paz budista, de uma efetiva, não meramente prometida, felicidade sobre a terra. Pois esta continua a ser – já o ressaltei – a diferença fundamental entre ambas as religiões da décadence: o budismo não promete, mas cumpre, o cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada.”

“(...) A realidade é que aqui a mais consciente vaidade de eleitos faz o jogo da modéstia: colocaram de uma vez por todas a si mesmos, a ‘comunidade’, os ‘bons e justos’, de um lado, do lado da ‘verdade’ – e o resto, ‘ o mundo’, do outro... Essa foi a espécie mais fatal de mania de grandeza que até agora existiu sobre a terra: uns pequenos abortos de carolas e mentirosos começam a reivindicar para si os conceitos ‘Deus’, ‘verdade’, ‘luz’, ‘espírito’, ‘amor’, ‘sabedoria’, ‘vida’, como se fosse sinônimos de si, para com isso delimitar o ‘mundo’ contra si.”

E para finalizar:

“Não é isso que nos destaca, não encontrarmos nenhum deus, nem na história nem na natureza, nem por trás da natureza – mas sim sentirmos aquilo que foi venerado como Deus, não como ‘divino’, mas como digno de lástima, como absurdo, como pernicioso, não somente como erro, mas como crime contra a vida... Negamos Deus como deus...Se nos provassem esse deus dos cristãos, saberíamos ainda menos acreditar nele.”

Abraços e até a próxima.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Igreja Universal do Reino de Edir Macedo


Pra mim não é novidade alguma essa notícia que está sendo veiculada agora. Impressiona-me, inclusive, tamanha demora para uma investigação dessas. Acho que só quem não via eram os “fiéis”, que pagando o dízimo achavam que estavam comprando seu lugar no céu. Bah. Desculpe-me se estou ofendendo alguém aqui, mas não me conformo com essa cegueira coletiva.

Respeito a religião e as crenças de cada um, mas pra mim está claro que inúmeras igrejas atuais não são nada menos do que esquemas de lavagem de dinheiro e enriquecimento fácil por parte dos pastores, que se auto-proclamam “a voz de Deus”.

Isenção de impostos. Ótimo motivo para eu ir ali à esquina, abrir uma igreja, e começar a ganhar meu dinheirinho à custa da fé (ingenuidade) alheia. Não digo que tenho pena, afinal, as pessoas que estão nessas igrejas estão por vontade própria, ninguém às obriga a ficar ali. Mas acho uma tremenda “duma sacanagem” esses pastores, bispos, padres, enfim, chegarem e se aproveitarem das crenças dos outros para enriquecer, contrariando totalmente a palavra do “Deus” que eles tanto defendem. Vão à ***** com essa hipocrisia. A igreja faliu, e não é de hoje.

Só espero que agora, se a polícia ainda não começou investigações em outras igrejas, que comece. Igreja Universal, Assembléia de Deus, Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Igreja Renascer, Igreja Batista, Igreja Adventista, e até a tão tradicional Igreja Católica. E só falo o nome dessas para não me alongar tanto na lista, pois é só dar uma volta em qualquer desses interiores que se encontra muito mais.

Abram o olho.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O problema do Brasil é o brasileiro

Esse texto é inspirado por uma pergunta indagada pelo meu professor de economia na faculdade: “Qual o problema do Brasil?” A minha resposta foi: “O brasileiro”. Simples. Direto, sem firulas. Acho que ele não digeriu muito bem a resposta, mas posteriormente na aula, acabou apenas confirmando meu ponto de vista, apresentando alguns motivos para o brasileiro ser culpado pelo “Brasil”.

Mas por que o problema do Brasil é o brasileiro? Em grande parte pelo “jeitinho brasileiro”. Sim. Essa malemolência, a criatividade, a capacidade de improvisar, a simpatia. Isso tudo que parece ser tão bom é em grande parte causador da corrupção, da impunidade, da desigualdade, e de tantos outros problemas.

Acho que essa mania de “deixar as coisas pra lá”, de fazer umas “gambiarras” aqui e outras ali, principalmente no que diz respeito ao campo político, como aplicação de leis, é um mau extremamente danoso à sociedade como um todo. No campo econômico o Brasil está bem, é um país rico, está resistindo bem à crise financeira mundial, porém, embora rico, é extremamente desigual. Isso porque, embora estejamos em uma democracia, onde todos são iguais, existem uns “mais iguais que os outros”. Pessoas que acham que tem mais direito que outras apenar por ter uma renda superior, trabalhar num tribunal, num senado ou numa câmara da vida. E isso segue num ciclo vicioso, em que a cultura brasileira forma mais e mais pessoas “iguais, mas diferentes”.

A impunidade é uma das maiores conseqüências disso. Quantas vezes cidadãos de alto escalão político, corruptos, com a culpa estampada na testa, se safam impunes por conta do joguinho político, do dinheiro, da corrupção? É algo ridículo para uma república dita democrática como é o Brasil. Está aí, para todo mundo ver, o dono do Brasil: Daniel Dantas. Uma afronta à sociedade.

E a corrupção? Algo tipicamente fruto do jeitinho brasileiro. Típico. Claro que existe corrupção em todos os países, mas no Brasil chega a ser ridículo. E combinada à impunidade vira prato cheio para pessoas de má-índole que se aproveitam de um posto social de essencial prestação de serviços à população para apenas satisfazer seus interesses pessoais. E isso sem falar do escândalo no senado.

Então, é isso. Continuo com minha resposta. O problema do Brasil é sim o brasileiro. Acho que são da natureza do brasileiro a corrupção e a impunidade. Em menor ou em maior intensidade. Com maiores ou com menores conseqüências. Não tem jeito de se consertar o Brasil dessa forma. Enquanto certos hábitos continuarem a ser praticados, e principalmente as más decisões políticas, e a falta de compromisso com a sociedade daqueles que estão no poder continuarem, o Brasil não tem jeito.

Finalizo o texto com uma frase que o meu irmão disse uma vez se referindo aos hábitos dos brasileiros de furarem fila. Triste, porém verdade: “Você pode tirar o brasileiro do Brasil, mas não tira o Brasil do brasileiro”.

Até a próxima.