segunda-feira, 18 de abril de 2011

Qual o preço do coração?

O coração já não existe mais. Não o coração no sentido clínico, no sentido fisiológico, mas o coração do sentimento. Aquele que alimenta nossas relações, que nos ajuda na construção de uma sociedade melhor.

Hoje o coração foi vendido, e barato.

O ser humano destrói o mundo e se destrói em um grande show de cegueira coletiva, onde ninguém mais vê exatamente onde está pisando, ou o que o motiva a pisar. Hoje o chão é o dinheiro, é o lucro. E parece que estamos pisando descalços em brasas, pois esse chão não é seguro. E machuca.

Não mais se sente, mas se compra. E por que se compra? Por que nos vendemos?

Gorz (2003) já afirmava que a racionalidade econômica configura o pensamento hegemônico atual, reduzindo o ser humano a um objeto e ignorando suas atividades vividas. Essa racionalidade reifica os indivíduos. Não existem mais pessoas. Existem consumidores.

O coração quase parou. Nosso sangue é bombeado agora por grandes corporações, e nós fechamos os olhos e balançamos nossas cabeças afirmativamente. Balançamos em um ato cego e autodestrutivo. Estamos infectados. Infectados pela natureza humana, que insiste em nos pregar peças. E essa peça atual, destruidora por si só, parece ser sua obra-prima.

Nossa natureza precisa mudar, para que possamos mudar a natureza. Estamos na UTI, respirando por aparelhos, mas com os remédios necessários em mãos. Basta ter coragem de tomá-los.

Para mudar, é preciso coragem para abrir os olhos. Parece que estamos conformados com aquela célebre frase que diz que o que os olhos não vêem o coração não sente.

Mas precisamos sentir!